domingo, 30 de outubro de 2016

E se algo der errado no parto? Você não tem medo disso?

“Risco é a probabilidade de um evento acontecer, seja ele uma ameaça, quando negativo, ou oportunidade, quando positivo. É o resultado obtido pela efetividade do perigo.
Perigo é uma ou mais condições que têm o perfil de causar ou contribuir para que o Risco aconteça. Não se mede e não há como eliminar o Risco. O Risco é um evento, ele está lá e pode acontecer a qualquer momento.
Devemos trabalhar os Perigos. Esses devem ser mitigados, prevenidos, analisados, mensurados e corrigidos. São eles que ocasionam os Riscos.
Não devemos mensurar a queda de um paciente, por exemplo, pois esse evento é um Risco. É um fato que pode acontecer. Devemos mensurar e agir nas prevenções para que não aconteça a queda do paciente. As prevenções devem ser nos Perigos que podem levar a esse Risco.
Existem Perigos intoleráveis e tratáveis, porém existem Perigos que devemos mantê-los em vigilância, mas não temos como minimizá-los, pois são Perigos que dependem de terceiros (pessoas ou serviços) e está acima de nossas prevenções. Por existirem Perigos “toleráveis” é que os Riscos são eventos não trabalháveis.

Exemplo prático e fácil para entendermos a diferença entre Perigos e Riscos:


Ação: Dirigir por um trajeto.

Resultado esperado dessa ação: Chegar ao destino com segurança.

Risco: Acidente de trânsito

Perigos:
§     Não saber dirigir
§     Dirigir em alta velocidade
§     Não respeitar as leis de trânsito
§     Não fazer a manutenção preventiva do automóvel
§     Entre outros.
Ações preventivas e/ou corretivas para minimizar os perigos: Ter carteira de motorista, respeitar as leis de trânsito, fazer a manutenção do automóvel, etc.

Esses são os Perigos que podemos minimizar ou mitigar para que o Risco tenha uma menor probabilidade de acontecer.
Porém existe um Perigo que está “além do nosso controle e mensuração”, que é, por exemplo, um motorista entrar na contra mão e atingir o nosso automóvel e ocasionar o evento = Risco (acidente de trânsito). Esse Perigo é impossível de sanarmos, trabalharmos e agirmos com ações preventivas.
Devido a isso, acima foi afirmado que o Risco não pode ser trabalhado e sim os Perigos.”


Pois bem, esse texto poderia ser escrito por qualquer parteira (enfermeira, médico, obstetriz) ou qualquer mulher que estudou e scolheu parir com segurança. Pegando o esquema proposto por ele, vamos analisar o seguinte:

Ação: Parir naturalmente em casa

Resultado esperado dessa ação: parir naturalmente em casa com segurança.

Risco: Algo fugir da normalidade e precisar de uma intervenção ou mesmo de uma transferência hospitalar. E, risco maior (e o mais temido), morte da mãe ou do bebê.

Perigos:
§     Não realizar um pré-natal de qualidade
§     Optar por parir em casa mesmo sendo uma gestação de alto risco
§     Não respeitar a natureza, intervindo sem necessidade
§     Não escolher uma equipe de profissionais habilitados para assistir ao parto
§     A equipe não ter treinamento nem material para assistir aos primeiros cuidados de uma emergência
§     Não ter um hospital de referência para um plano B
§     Entre outros...

Ações preventivas e/ou corretivas para minimizar os perigos: 
§     Realizar um pré-natal de qualidade
§     Não optar por parir em casa mesmo sendo uma gestação de alto risco
§     Respeitar a natureza, intervindo só com real necessidade e indicação
§     Escolher uma equipe de profissionais habilitados para assistir ao parto
§     A equipe ter treinamento nem material para assistir nos primeiros cuidados de uma emergência
§     Ter um hospital de referência para um possível plano B, de preferência que seja um local já antes conhecido pela mulher, e se possível ter um médico de backup
§     Entre outros...

TUDO NA VIDA IMPLICA EM RISCO


Com essa onde de temporal, ventos fortes, ressaca braba do mar, o simples fato de estar dentro do eu lar não me protege da fúria da natureza. Ouvi que janelas estouraram com a família dentro de casa, telhas voaram longe, árvores caíram em cima de carro com pessoas dentro. Eu posso ser mais imprudente ainda e ir para o meio da rua durante o temporal. Pode acontecer nada, como pode acontecer algo muito trágico. Mas ir para o meio da rua fez aumentar a chance de algo ruim me acontecer, por outro lado, estar em casa não me garante 100% de SEGURANÇA e certeza de que NADA vai de ruim vai me acontecer. Compreende?
Portanto, quando alguém ou você mesma se questionar: “Mas se algo der errado?”. Pare, respire e analise os fatos, reveja os riscos, os perigos e as medidas preventivas. E devolva a pergunta: “E se tudo der certo?”
E se eu parir com saúde, num local onde eu me sinta segura, com pessoas que eu escolhi a dedo para estarem ali? Se eu for respeitada, amada e cuidado dentro do meu lar? E se eu puder vocalizar, me movimentar, chorar, comer livremente? E se meu filho nascer com saúde, vir direto para meus braços, e ter o nosso momento com a intimidade e privacidade que pede?

Pense nisso...
Com muito amor,
Gabi.



Fonte do texto sobre RISCO: http://www.blogdaqualidade.com.br/diferenca-entre-riscos-e-perigos/

E aqui segue mais uma reflexão sobre risco:

- Risco de morte perinatal após 41 semanas sem indução (mulheres que optam por aguardar o TP espontâneo): 3 óbitos a cada 1.000 bebês
- Risco de morte perinatal em partos em casa (baixo risco, média dos estudos): 1 óbito a cada 1.000 bebês
- Risco de óbito neonatal por sepse causada por EGB (cálculo grosseiro considerando todas as mulheres, independente de fatores de risco): 0,5 óbito a cada 1.000 bebês (ou 1 a cada 2.000 bebês)
- Risco de um bebê que não tomou vitamina K ter uma hemorragia neonatal (média dos diversos estudos): 0,07 hemorragia a cada 1.000 bebês (ou 1 a cada 15.000 bebês aproximadamente)

Não é interessante?
Pra gente ter uma ideia, a taxa de mortalidade por assassinato no estado de São Paulo em 2006, para a população geral (qualquer idade e sexo), foi de 0,2 por 1.000 habitantes (20 por 100.000) - muito parecida com a de morte por acidente de trânsito. Ou seja, dependendo do ponto de vista, é bem mais perigoso viver do que não dar vitamina K. ;)