sábado, 24 de junho de 2017

Fase desafiadora: os dois anos


Meu amor, seus 2 anos estão chegando. Antes mesmo de engravidar já venho lendo muito sobre essa fase. Fase difícil em especial para você.Os chamados "terrible two" ou terrível dois. Onde acontece um salto de desenvolvimento tão grande e tão essencial a sua personalidade e vida inteira!
Você se descobre como um ser vivente dessa terra. Como um ser "sujeito". Não mais uma extensão de mim. Você começa a querer explorar ainda mais o mundo, as coisas. Testar os limites. Todos os limites. Ver até onde as coisas podem ir. Até onde os sentimentos chegam.

E essa explosão toda, por conta ainda de seu cérebro imaturo, fica difícil controlar rapidamente e facilmente as emoções e desejos. E eis que surgem as primeiras " birras". Aliás... Acho injusto chamar de terrível dois uma fase que é linda, desafiadora e cheias de novos aprendizados. Acho injusto minimizar a imaturidade de um cérebro tentando se organizar e reduzir à "birra".
Já sabia na teoria e de ouvir falar de outras mães e pais. E agora estou vivendo na pele.


Tá sendo difícil? Sim muito! Mas está sendo também desafiador! E gosto de desafios! Vamos vencer mais essa filho! Com muita paciência, amor e PRINCIPALMENTE EMPATIA!


Penso sempre antes de fazer algo com você , filho, se fosse comigo. Até nos mínimos detalhes e ações. Como por exemplo, quando você está concentrado em algo e eu tenho que te pegar para sair. Se pego você simplesmente, sem avisar nada antes, você se irrita, chora, briga... Faz a famosa e conhecida " birra". Mas se eu aviso antes "filho, a mãe vai te pegar, vamos ir para o carro". As vezes você diz " não" com a cabeça. Se puder esperar mais um pouco, aviso "OK, termina e depois vamos". E espero você terminar. E depois te pego sem maiores problemas. E se não puder esperar, aviso que não podemos esperar mas que podemos fazer outra coisa, como ir cantando até o carro, ou olhar as estrelas ou o boi pela janela, etc, etc.. Haja criatividade nessas horas!
Penso se fosse comigo. O tanto que ficaria frustada se alguém me tirasse rapidamente sem nem me avisar e eu concentrada na minha atividade. Portanto, te entendo quando você fica bravo quando é interrompido.

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Que Deus continue me concedendo sabedoria. Sei o quanto são eternas as marcas registradas nessa fase da vida! Crianças são absorventes! Tudo o que eu imprimir hoje permanecerá forever 🙏💕

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

💙 Sobre estar disponível 💙

Cenas de uma vida real com cama compartilhada

Texto escrito quando João tinha 2 meses no meu instagram:


Do que um bebê precisa?  Do eu precisaria se fosse um bebê? 

Obviamente de colo, alimentação, afago, carinho, de alguém que tirasse meu xixi, meu cocô, me desse banho, me acariciasse, me olhasse, me acalmasse, falasse comigo com tom baixo, voz mansa, cantasse para mim, me levasse para ver o céu, me fizesse sentir segura. 

Quando um bebê precisa que seja feito tudo isso? Quando eu precisaria que fizesse tudo isso se fosse um bebê? Ué, precisaria que fosse feito quando eu manifestasse vontade e necessidade. Simples assim...
Então, para cuidar de um bebê é preciso disponibilidade para ele. Isso exige tempo, força, amor e muita empatia. É preciso nos despir do nosso 'eu' em alguns momentos (muitos momentos, quase todos). Das nossas vontades e antigos hábitos.
Ele é uma folha em branco. Toda semente plantada hoje, será colhida amanhã.
"Por isso, meu João, eu me doou a ti sem rodeios nem medo! Prometi cuidar de ti, e estou fazendo tudo que posso para ser o melhor cuidado que tu poderia receber!"

💙💙💙💙


Abaixo, compartilho com muito carinho um texto que recebi de uma enfermeira estrangeira com quem fiz um curso maravilhoso de Reanimação Neonatal. 

Esse texto me ajudou e ainda me ajuda muito.


-> Dicas para as Mães 
Karen Strange
Essas dicas podem lhe ajudar a entrar em contato com o seu bebê durante o período perinatal O mais importante é saber ancorar-se e entrar no compasso do bebê. É de máxima importância “conhecer/sentir” com o corpo. A medida  que  você  for entendendo a  experiência  do  bebê ao nascer  e  chegar  no  nosso  mundo, perceberá como  é importante  para  ele  que  você  consiga ancorar-se e entrar no compasso dele, afim de que ele possa perceber o que está acontecendo ao redor dele.

-> Ancorar-se: Sinta os seus pés no chão ou o peso de seu corpo – no chão ou numa cadeira –, sinta onde há mais peso (usando a gravidade), onde há o máximo de contato com o chão ou com a cadeira. Dirija sua atenção para este lugar. Sinta este lugar durante um momento. Você  desacelera assim  o  seu  ritmo  interno e  isto lhe  ajuda  a  estar  mais  presente.  A  cada  inspiração, seu  sistema  nervoso  autônomo (automático)  desacelera, o que significa que você está se afastando de um ritmo interno acelerado e entrando num estado mais lento, mais equilibrado. Isto ajuda a estabelecer uma melhor conexão com o seu bebê. 

-> No compasso: Fique atenta à linguagem corporal e aos sinais do seu bebê; eles significam algo. Repare se ele está irrequieto, olhando para você, para longe, se contorcendo, ou calmamente prestando atenção em você. Se ele está mais para ativo, significa que você precisa desacelerar o seu 
compasso com pausas frequentes para ancorar-se (ancorar-se é uma maneira de desacelerar o compasso: você vai sentindo o peso do seu corpo entrando em contato com a cadeira ou com o chão; pode ser que demore para você se lembrar de recorrer à esse processo, mas ele sempre ajuda você a ir mais devagar). Pausas fazem parte da natureza e certamente do ritmo de seu bebê. As ondas cerebrais dele são de seis a dez vezes mais lentas que as suas. O bebê precisa que você desacelere para não se sentir sobrecarregado.   

Estar no compasso e ancorada ajuda você a estar mais presente, são esses os aspectos MAIS importantes para sintonizar-se com o seu bebê! 

Ele responde ou reage ao seu estado emocional interno e você precisa estar atenta à sua presença energética, desacelerar e ancorar-se para entrar em sintonia com ele. Lembre-se de que no ventre, o seu bebê é consciente, atento, hipersensível, inteligente e de que ele está construindo conexões neurais. Ele vive de maneira ampliada todas as experiências que você vive, é mais sensível e mais atento ao seu meio ambiente. Depois de nascer, ele não possui um controle muscular como o seu, uma linguagem como a sua – composta de palavras. 

Mas compreende SIM a intenção de tudo que você diz. Ele está sempre se comunicando com você, contando sua história. Uma vez isso entendido, o resto fica simples. Não há segredos que você possa esconder de seu bebê, então converse com ele e sobretudo ouça o que ele está mostrando e dizendo para você. Reconheça que ele está comunicando algo importante. E lembre-se de contar para ele o que está acontecendo. 

-> Diferenciação: É importante diferenciar a sua experiência da experiência do seu bebê (que ele esteja no seu ventre ou não). Ele sente tudo que você sente; está sincronizado com você, mãe dele. Se você está chateada, diz a ele o que você está sentindo, que é a sua experiência e que não tem nada a ver  com  ele.  Mesmo  ciente  de  que  ele  está  sentindo  tudo.  Para  o  seu  bebê  o  mundo  inteirinho  é  você,  a  mãe.  A  diferenciação  ajuda  a  criar delimitações sadias. Da mesma maneira que crianças de divórcio acham que causaram o divórcio – pois o mundo gira em volta delas – seu bebê precisa ouvir que ele não causou o que está lhe chateando. Que não foi por causa dele. 

Durante as primeiras semanas após o  parto,  mãe  e  bebê permanecem de  certa  forma  indiferenciados,  como  se  o  recém  nascido  ainda  estivesse dentro do útero, lá no ventre, indiferenciado da mãe. Você e seu bebê estiveram profundamente unidos desde o início, tal um só ser. Leva tempo (geralmente anos) para  completar  a  separação  quecomeça  no  nascer. Até nascer, todo bebê é fisicamente, emocionalmente  e psicologicamente indiferenciado da mãe. Ao nascer, ele é separado fisicamente (diferenciado), porém continua emocionalmente e psicologicamente indiferenciado. A mãe pode não se dar conta da extensão dessa conexão agora que o bebê está fora do seu corpo, mas por muitos meses o bebê ainda não sabe que está separado da mãe. A mãe e o bebê estão profundamente vinculados no plano das emoções e delicadamente sintonizados um com o outro. 
Converse com o seu bebê! E, mais importante ainda, ouça o seu bebê! O que ele está comunicando? Responda, faça com que ele saiba que você ouviu, entenda o que ele está dizendo e responda de maneira adequada.



-> Avise ao seu bebê o que você vai fazer  Antes de trocar uma fralda, vestir uma camisa nova, pegá-lo no colo, avise, “Vou.......”. E logo antes diga, “Vamos botar a fralda (camisa, ou o que seja).” Os bebês são mais vagarosos, precisam de tempo para assimilar o que você diz. Depois de avisar o que você vai fazer, convém dar uma pausa. Com o compasso mais lento e a pausa seu bebê aprende que pode confiar em você. 

-> Diga ao seu bebê o que está acontecendo  Exemplos: Se você está preocupado com uma conta, uma reunião importante, uma briga com o seu companheiro e está aborrecida, seja qual for a razão. Diga ao bebê que não é culpa dele, mas que você sabe que ele sente as suas emoções. Mesmo que você nem se dê conta do quão forte é esse sentimento dentro de você, seu bebê sente o que está havendo, porém não entende o porquê. Em seguida, inspire para que o bebê possa sentir-se seguro em você e no mundo que o rodeia.   

-> Diga ao bebê o que você quer dele – Exemplo: Durante o trabalho de parto, você pode pedir ao bebê que vire de tal ou tal modo para poder sair mais facilmente. Caso ele necessite ser reanimado diga “eu preciso que você inspire profundamente e chegue no teu corpo...Pronto! Agora você pode inspirar mais uma vez, e outra vez...”. Diga isto mesmo quando o bebê está sendo assistido por profissionais. 

-> Conte o que aconteceu – Contar a história valida o que aconteceu. Dar nome ao que você sente, favorece a diferenciação. Dar nome ajuda o sistema nervoso  a  se  sentir  ouvido.  Quando  o  bebê  se  sente  ouvido  o  sistema  nervoso  se  acalma.  Dar  nome  é  uma  dica  básica  para  viver o  momento plenamente.  É  reconhecer  o  que é. A  história  deve  ser  contada devagar (no  compasso), com pausas, contato  olho  a  olho e ancorando-se.  Depois, reflita sobre o que você vê no neném (fique atenta aos sinais dele). Diga algo como: “Você lamenta (empatia) o que talvez aconteceu, sei que você sentiu isso, mas não foi culpa sua e você não fez nada de errado. Foi barra pesada! Agora você esta seguro, vem cá, deixa eu te ajudar a ficar seguro. (Você, a mãe, deve então respirar, estar presente) Eu amo você!” 

-> Ruptura e conserto 

Rupturas são mal-apegos, má-compreensões, má-conexões, interrupções. Rupturas acontecem o tempo todo: no útero, durante o trabalho de parto, depois do nascimento, enquanto crescemos e em todos os nossos relacionamentos.

Consertos são possíveis cada vez que ocorre uma ruptura. Antes de mais nada, você, a mãe, precisa fazer algo para ser um porto seguro para o bebê/a criança. Respire e se ancore. Você pode dizer “Lamento o que aconteceu com você, eu não sabia” ou “Eu estava triste (cansada, com raiva, confusa) e sei que você sentiu isso. Não tem nada a ver com você (outra vez, a diferenciação) e sim comigo e com...”. E depois, você pode dizer algo 
como: “Eu te amo, tá tudo bem agora”. São exemplos de consertos. Os consertos levam a um apego e a uma confiança ainda mais fortes do que se a ruptura não houvesse acontecido. 

-> Coisas para lembrar:

Somos a história do que aconteceu conosco até hoje – desde que fomos concebidos, desde que nascemos até o presente. Esta história está depositada no nosso tecido conjuntivo, nos fluidos do nosso corpo e nos nossos ossos. A história do que aconteceu conosco quer ser contada para alguém que está ouvindo. A cura ocorre quando a história do que aconteceu é ouvida e validada com empatia. O que o bebê faz – seus movimentos – são a maneira que ele tem de contar sua história. A pergunta a fazer é “Qual é a história aqui?” Seu bebê está sempre mostrando a história dele para você. Dá para desacelerar, ficar presente e ouvir o que ele está dizendo?

Você  é  a  reguladora/arquiteta  do  cérebro  e  sistema  nervoso  do  seu  bebê; ele  se  forma de  acordo  ao  que  você  está  sentindo/vivendo.  Por exemplo: Se ele está chorando sem razão aparente, observe como você está se sentindo por dentro e repare se está perturbada. Se acalme/fique cômoda/se ancore. Inspire. Talvez o bebê esteja respondendo ao – ou se regulando com base em – seu sistema nervoso. Com é que você está se sentindo neste exato momento? O bebê responde ao que está acontecendo no sistema nervoso da mãe. Ao contar a história e dar nome aos bois
você ajuda seu bebê a integrar a história (experiência) do que está acontecendo. Quanto mais pausas na contação da história – especialmente 
quando sentir as suas emoções subindo – melhor para o bebê e para você.

Se dê um Momento de Ocitocina. Quando fazemos algo prazeroso, nosso organismo produz Ocitocina. Isto é especialmente importante na gestação porque a Ocitocina ajuda o cérebro do bebê a construir redes neuronais para um temperamento calmo e uma boa capacidade de regularestados  emocionais. Se  trata  da  capacidade  de retornar  a  um  estado  de  calma  depois  de  alguma  perturbação  (chateação,  raiva,  mágoa). A Ocitocina cura o corpo e ajuda a prevenir complicações na mãe. Faça isso durante a gestação afim de criar e familiarizar-se com uma “gruta mental” amiga, para a qual você possa voltar depois de dar à luz. É um excelente hábito para a sua saúde e para entrar em sintonia com o bebê.   

Após haver nascido, é possível que o bebê não saiba que já está do lado de fora, que ele conseguiu sair. Os adultos entendem que existe um dentro e um fora, mas talvez ele não saiba. Ele pode estar estonteado pelo que acaba de acontecer. O nascimento é uma grande experiência tanto para a mãe como para o bebê. Você pode dizer devagarzinho: “Agora você está do lado de fora, conseguiu, pode respirar”. Isto pode ser feito cada vez que ocorre algo intenso (possivelmente em alguma interrupção da sequencia do parto). E quando passa, diga (para que o sistema nervoso, talvez em modo de emergência, possa responder)… “Pronto, já terminou, você conseguiu, não há mais perigo. Pois é, foi muito, e 
agora terminou”. Mais tarde você pode dizer, “Estou tão feliz que você esteja aqui, eu amo você.” Sinta os seus pés; seria bom se você, a mãe também respirasse profundamente. Tome um tempo e olhe ao redor. Reconheça que você também conseguiu e que você está a salvo!   

O momento mais importante para falar com o bebê é enquanto as coisas estão acontecendo e durante alguma complicação ou grande evento.

Pode ser uma boa ideia ter alguém acompanhando a jornada do bebê durante e depois do nascimento. Considere ter uma “doula para bebê”uma pessoa que seguiria a travessia do bebê, estando lá para ele. Ela explicaria ao bebê que o está acompanhando nessa passagem/jornada pelo processo do nascimento. Assim como a mãe tem pessoas que a ajudam durante o parto e/ou uma doula, o bebê teria alguém para ele durante 
todo o processo. O papel da “doula para bebê” seria ouvir o que o bebê comunica e respaldá-lo no que for necessário para ele.

Sinta os seus pés, respire e desacelere. Olhe em volta. Isso realmente ajuda a desacelerar a energia em você e também ajuda o seu bebê.

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Um forte abraço da mãe aqui,
Gabi!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Método Montessori: Atividade de transferência de sólidos

Desde antes do João nascer eu já havia conhecido brevemente sobre o método montessori. Mas foi durante a maternidade que pude me aprofundar mais e colocá-lo em prática com o João.


Maria Montessori 

O método, segundo o site Lar Montessori (que recomendo fortemente) é o nome que se dá ao conjunto de teorias, práticas e materiais didáticos criado ou idealizado inicialmente por Maria Montessori. De acordo com sua criadora, o ponto mais importante do método é, não tanto seu material ou sua prática, mas a possibilidade criada pela utilização dele de se libertar a verdadeira natureza do indivíduo, para que esta possa ser observada, compreendida, e para que a educação se desenvolva com base na evolução da criança, e não o contrário.


Sua criadora foi Maria Montessori, ela se formou engenheira, médica e em licenciatura. "É nossa precursora. Ela resumiu sua vida em uma frase, sucintamente relembrada por seu neto, Mário Montessori Jr.: “Eu descobri a criança”. Ela é mundialmente conhecida por ter criado o método Montessori (chamado por ela de Pedagogia Científica) e ter revolucionado a forma como a criança é compreendida e respeitada." Leia mais sobre aqui e aqui 

E cada vez que conheço mais a vida dela me apaixono pela forma que ela olha a criança, os adultos e o universo. Na verdade, fiquei muito aliviada, pois os princípios que o método trás já habitavam meu coração, ela só transcreveu em palavras! Grata Maria Montessori. Uma mulher incrível! Vale e pena aprender com ela.

Alguns livros que ela escreveu estão disponíveis on line. Eu estou lendo o "Mente Absorvente". Link para o livro em PDF aqui. Eu tive acesso a esse no grupo do Facebook 'Montessori para famílias': Lá tem outros livros disponiveis e muita troca de experiência! Aprendo muito!

Aqui também tem muita informação de qualidade: Escola Maria

E, abaixo compartilho uma atividade montessoriana que fiz com o João (1 ano e 2 meses):


Atividade de transferência de sólido com feijão. 



Postagem original no Instagran (lá compartilho outras atividades também): 


"É a terceira vez que faço com ela. ⏩Na primeira vez, ele ainda não estava pronto para a atividade, colocava todos os feijões na boca e não conseguia realizar a transferência com a colher. ⏩Na segunda vez, eu demonstrei como fazia calmamente, e, com alguns direcionamentos breves ele conseguiu realizar a atividade lindamente. ⏩Hoje, na terceira vez, eu só dispus a bandeija no chão, e disse que iríamos fazer a atividade de transferência. Usei os mesmos utensílios. Ele sentou e já sozinho pegou a colher e início a atividade. E eu, me afastei, e observei. 😍😱 E filmei. Por que não poderia esquecer nunca esse momento tão lindo e esse avanço tão grande. --- Perceber o avanço dele e ir oferecendo atividades de acordo com isso faz tudo fluir melhor. "





Que possamos aprender ainda mais com nossas crianças!
Abraço forte,
Gabi.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Puerpério rasgante

Texto escrito quando João estava no auge dos seus 3 meses de vida:



Filho com 3 meses. Eu, ainda vivendo um puerpério sem fim. Dizem que depois dos 3 meses alivia. Melhora. Mas por aqui tem sido diferente. Está ficando mais difícil. Hoje, pela primeira vez, acordei querendo sumir. Na verdade não acordei, por que não dormi.

Sumir desse cansaço extremo. Desse desafio de ser acordada a cada meia hora. Das dores no corpo de dormir de lado dando mama. Do cabelo sujo. Da dor na alma. Do medo de não dar conta.

Queria fugir para um mundo de flores. Onde somente existem flores. E, quanto mais eu queria fugir mais meu filho me sugava. Me solicitava. Me precisava.


Foto desse mesmíssimo dia
Ele chorou como nunca. Um choro de dor emocional. Não física. Antes que surjam palpiteiros de plantão, não é fome nem cólica. Era um choro de ajuda. Pedindo socorro. Consolo.


Acudi. Mas pedi para o pai dele acudir melhor. Pois precisava renovar as minhas energias. Pensando nele. Não em mim. Precisava "dar um tempo". Precisava recarregar a bateria. Eu não encontrava mais nada para dar à ele.
Pai dele pegou no colo. Ele fez xixi que passou pelo macacão. Ajudei a trocar. Pai dele tentou acalentá-lo. Não deu certo. Peguei. Dei mama. Ele fez um cocô maior que o mundo. Subiu até a nuca. Entrei no chuveiro. Lavei. Pai dele secou e vestiu.

No chuveiro, eu suspirei. Pedi para Deus me dar sabedoria. Ouvi de meu mestre: " dei ele para ti por que sei que tens capacidade de cuidá-lo. Confio em ti. Confiei ele à ti. Tens capacidade." Sai. Fiz café forte. Tomei.

Voltei. Encontro ele no colo do pai. Chorando aquele mesmo choro. Pôr instinto, pego. Aconchego em meu colo. Aconchego em meu peito.

Converso. Digo o que esta no meu coração. Digo a verdade, sem rodeios. Ele mama. E revira os olhos de satisfação. Vomita. Não troco. Na verdade, não tiraria ele daqui por nada neste mundo. Ele continua mamar. Até que, olhando fito para meus olhos, adormece. Larga o bico do peito. 


E pronto. Já não quero mais sumir. Quero ficar aqui. Aqui para sempre. Com ele.

Até quando dura um puerpério? Até que aprendamos a ouvir um ao outro. Ate quando formos pessoas separadas. Emocionalmente

#3mesesdofilho #puerperioreal #confissoesdeumamaeenfermeira