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| Cenas de uma vida real com cama compartilhada |
Texto escrito quando João tinha 2 meses no meu instagram:
Do que um bebê precisa? Do eu precisaria se fosse um bebê?
Obviamente de colo, alimentação, afago, carinho, de alguém que tirasse meu xixi, meu cocô, me desse banho, me acariciasse, me olhasse, me acalmasse, falasse comigo com tom baixo, voz mansa, cantasse para mim, me levasse para ver o céu, me fizesse sentir segura.
Quando um bebê precisa que seja feito tudo isso? Quando eu precisaria que fizesse tudo isso se fosse um bebê? Ué, precisaria que fosse feito quando eu manifestasse vontade e necessidade. Simples assim...
Então, para cuidar de um bebê é preciso disponibilidade para ele. Isso exige tempo, força, amor e muita empatia. É preciso nos despir do nosso 'eu' em alguns momentos (muitos momentos, quase todos). Das nossas vontades e antigos hábitos.
Ele é uma folha em branco. Toda semente plantada hoje, será colhida amanhã.
"Por isso, meu João, eu me doou a ti sem rodeios nem medo! Prometi cuidar de ti, e estou fazendo tudo que posso para ser o melhor cuidado que tu poderia receber!"
💙💙💙💙
Abaixo, compartilho com muito carinho um texto que recebi de uma enfermeira estrangeira com quem fiz um curso maravilhoso de Reanimação Neonatal.
Esse texto me ajudou e ainda me ajuda muito.
-> Dicas para as Mães
Karen Strange
Essas dicas podem lhe ajudar a entrar em contato
com o seu bebê durante o período perinatal O mais importante é saber
ancorar-se e entrar no compasso do bebê. É de máxima importância
“conhecer/sentir” com o corpo. A medida que você for
entendendo a experiência do bebê ao nascer e
chegar no nosso mundo, perceberá como é
importante para ele que você consiga ancorar-se e
entrar no compasso dele, afim de que ele possa perceber o que está acontecendo
ao redor dele.
-> Ancorar-se: Sinta os seus pés no chão ou o peso de seu corpo –
no chão ou numa cadeira –, sinta onde há mais peso (usando a
gravidade), onde há o máximo de contato com o chão ou com a cadeira.
Dirija sua atenção para este lugar. Sinta este lugar durante um momento. Você desacelera
assim o seu ritmo interno e isto lhe ajuda
a estar mais presente. A cada
inspiração, seu sistema nervoso autônomo (automático)
desacelera, o que significa que você está se afastando de um ritmo
interno acelerado e entrando num estado mais lento, mais equilibrado. Isto
ajuda a estabelecer uma melhor conexão com o seu bebê.
-> No compasso: Fique atenta à linguagem corporal e aos sinais do
seu bebê; eles significam algo. Repare se ele está irrequieto, olhando para
você, para longe, se contorcendo, ou calmamente prestando atenção em você.
Se ele está mais para ativo, significa que você precisa desacelerar o seu
compasso com pausas frequentes para ancorar-se
(ancorar-se é uma maneira de desacelerar o compasso: você vai sentindo o peso
do seu corpo entrando em contato com a cadeira ou com o chão; pode ser que
demore para você se lembrar de recorrer à esse processo, mas ele sempre ajuda
você a ir mais devagar). Pausas fazem parte da natureza e certamente do ritmo
de seu bebê. As ondas cerebrais dele são de seis a dez vezes mais lentas que as
suas. O bebê precisa que você desacelere para não se sentir sobrecarregado.
Estar no compasso e ancorada ajuda você a estar
mais presente, são esses os aspectos MAIS importantes para sintonizar-se com o
seu bebê!
Ele responde ou reage ao seu estado emocional
interno e você precisa estar atenta à sua presença energética, desacelerar e
ancorar-se para entrar em sintonia com ele. Lembre-se de que no ventre, o seu
bebê é consciente, atento, hipersensível, inteligente e de que ele está
construindo conexões neurais. Ele vive de maneira ampliada todas as
experiências que você vive, é mais sensível e mais atento ao seu meio ambiente.
Depois de nascer, ele não possui um controle muscular como o seu, uma linguagem
como a sua – composta de palavras.
Mas compreende SIM a intenção de tudo que você diz.
Ele está sempre se comunicando com você, contando sua história. Uma vez isso
entendido, o resto fica simples. Não há segredos que você possa esconder de seu
bebê, então converse com ele e sobretudo ouça o que ele está mostrando e
dizendo para você. Reconheça que ele está comunicando algo importante. E
lembre-se de contar para ele o que está acontecendo.
-> Diferenciação: É importante
diferenciar a sua experiência da experiência do seu bebê (que ele esteja no seu
ventre ou não). Ele sente tudo que você sente; está sincronizado com você,
mãe dele. Se você está chateada, diz a ele o que você está sentindo, que é a
sua experiência e que não tem nada a ver com ele. Mesmo
ciente de que ele está sentindo tudo.
Para o seu bebê o mundo inteirinho
é você, a mãe. A diferenciação ajuda
a criar delimitações sadias. Da mesma maneira que crianças de
divórcio acham que causaram o divórcio – pois o mundo gira em volta delas – seu
bebê precisa ouvir que ele não causou o que está lhe chateando. Que não foi por
causa dele.
Durante as primeiras semanas após o parto,
mãe e bebê permanecem de certa forma
indiferenciados, como se o recém nascido
ainda estivesse dentro do útero, lá no ventre, indiferenciado
da mãe. Você e seu bebê estiveram profundamente unidos desde o início, tal um só
ser. Leva tempo (geralmente anos) para completar a separação
quecomeça no nascer. Até nascer, todo bebê é fisicamente,
emocionalmente e psicologicamente indiferenciado da mãe. Ao nascer, ele é
separado fisicamente (diferenciado), porém continua emocionalmente e
psicologicamente indiferenciado. A mãe pode não se dar conta da extensão dessa
conexão agora que o bebê está fora do seu corpo, mas por muitos meses o bebê
ainda não sabe que está separado da mãe. A mãe e o bebê estão profundamente
vinculados no plano das emoções e delicadamente sintonizados um com o
outro.
Converse com o seu bebê! E, mais importante ainda,
ouça o seu bebê! O que ele está comunicando? Responda, faça com que ele saiba
que você ouviu, entenda o que ele está dizendo e responda de maneira
adequada.
-> Avise ao seu bebê o que você vai fazer – Antes de trocar uma fralda, vestir uma camisa
nova, pegá-lo no colo, avise, “Vou.......”. E logo antes diga, “Vamos
botar a fralda (camisa, ou o que seja).” Os bebês são mais vagarosos, precisam
de tempo para assimilar o que você diz. Depois de avisar o que você vai fazer,
convém dar uma pausa. Com o compasso mais lento e a pausa seu bebê aprende que
pode confiar em você.
-> Diga ao seu bebê o que está acontecendo – Exemplos: Se você está preocupado com uma conta,
uma reunião importante, uma briga com o seu companheiro e está aborrecida,
seja qual for a razão. Diga ao bebê que não é culpa dele, mas que você sabe que
ele sente as suas emoções. Mesmo que você nem se dê conta do quão forte é esse
sentimento dentro de você, seu bebê sente o que está havendo, porém não entende
o porquê. Em seguida, inspire para que o bebê possa sentir-se seguro em você e
no mundo que o rodeia.
-> Diga ao bebê o que você quer dele – Exemplo: Durante o trabalho
de parto, você pode pedir ao bebê que vire de tal ou tal modo para poder
sair mais facilmente. Caso ele necessite ser reanimado diga “eu preciso
que você inspire profundamente e chegue no teu corpo...Pronto! Agora você pode
inspirar mais uma vez, e outra vez...”. Diga isto mesmo quando o bebê está
sendo assistido por profissionais.
-> Conte o que aconteceu – Contar a história valida o
que aconteceu. Dar nome ao que você sente, favorece a diferenciação. Dar nome
ajuda o sistema nervoso a se sentir ouvido.
Quando o bebê se sente ouvido o
sistema nervoso se acalma. Dar nome é
uma dica básica para viver o momento
plenamente. É reconhecer o que é. A história
deve ser contada devagar (no compasso), com pausas,
contato olho a olho e ancorando-se. Depois, reflita sobre o que você vê no neném (fique atenta aos sinais
dele). Diga algo como: “Você lamenta (empatia) o que talvez aconteceu, sei que
você sentiu isso, mas não foi culpa sua e você não fez nada de errado. Foi
barra pesada! Agora você esta seguro, vem cá, deixa eu te ajudar a ficar
seguro. (Você, a mãe, deve então respirar, estar presente) Eu amo você!”
-> Ruptura e conserto
Rupturas são mal-apegos, má-compreensões, má-conexões, interrupções.
Rupturas acontecem o tempo todo: no útero, durante o trabalho de parto, depois
do nascimento, enquanto crescemos e em todos os nossos relacionamentos.
Consertos são possíveis cada vez que ocorre uma ruptura. Antes de mais
nada, você, a mãe, precisa fazer algo para ser um porto seguro para o bebê/a
criança. Respire e se ancore. Você pode dizer “Lamento o que aconteceu com
você, eu não sabia” ou “Eu estava triste (cansada, com raiva, confusa) e sei
que você sentiu isso. Não tem nada a ver com você (outra vez, a diferenciação)
e sim comigo e com...”. E depois, você pode dizer algo
como: “Eu te amo, tá tudo bem agora”. São exemplos de consertos. Os
consertos levam a um apego e a uma confiança ainda mais fortes do que se a
ruptura não houvesse acontecido.
-> Coisas para lembrar:
Somos a história do que aconteceu conosco até hoje – desde que fomos
concebidos, desde que nascemos até o presente. Esta história está depositada no
nosso tecido conjuntivo, nos fluidos do nosso corpo e nos nossos ossos. A
história do que aconteceu conosco quer ser contada para alguém que está
ouvindo. A cura ocorre quando a história do que aconteceu é ouvida e validada
com empatia. O que o bebê faz – seus movimentos – são a maneira que ele
tem de contar sua história. A pergunta a fazer é “Qual é a história aqui?” Seu
bebê está sempre mostrando a história dele para você. Dá para desacelerar,
ficar presente e ouvir o que ele está dizendo?
Você é a reguladora/arquiteta do cérebro
e sistema nervoso do seu bebê; ele se
forma de acordo ao que você está
sentindo/vivendo. Por exemplo: Se ele está chorando sem razão
aparente, observe como você está se sentindo por dentro e repare se está
perturbada. Se acalme/fique cômoda/se ancore. Inspire. Talvez o bebê esteja
respondendo ao – ou se regulando com base em – seu sistema nervoso. Com é que
você está se sentindo neste exato momento? O bebê responde ao que está
acontecendo no sistema nervoso da mãe. Ao contar a história e dar nome aos bois
você ajuda seu bebê a integrar a história (experiência) do que está
acontecendo. Quanto mais pausas na contação da história – especialmente
quando sentir as suas emoções subindo – melhor para o bebê e para você.
Se dê um Momento de Ocitocina. Quando fazemos algo prazeroso, nosso
organismo produz Ocitocina. Isto é especialmente importante na gestação porque
a Ocitocina ajuda o cérebro do bebê a construir redes neuronais para um
temperamento calmo e uma boa capacidade de regularestados emocionais. Se
trata da capacidade de retornar a um estado
de calma depois de alguma perturbação
(chateação, raiva, mágoa). A Ocitocina cura o corpo e ajuda a
prevenir complicações na mãe. Faça isso durante a gestação afim de criar e
familiarizar-se com uma “gruta mental” amiga, para a qual você possa voltar
depois de dar à luz. É um excelente hábito para a sua saúde e para entrar em
sintonia com o bebê.
Após haver nascido, é possível que o bebê não saiba que já está do lado
de fora, que ele conseguiu sair. Os adultos entendem que existe um dentro e um
fora, mas talvez ele não saiba. Ele pode estar estonteado pelo que acaba de
acontecer. O nascimento é uma grande experiência tanto para a mãe como para o
bebê. Você pode dizer devagarzinho: “Agora você está do lado de fora,
conseguiu, pode respirar”. Isto pode ser feito cada vez que ocorre algo intenso
(possivelmente em alguma interrupção da sequencia do parto). E quando passa,
diga (para que o sistema nervoso, talvez em modo de emergência, possa
responder)… “Pronto, já terminou, você conseguiu, não há mais perigo. Pois é,
foi muito, e
agora terminou”. Mais tarde você pode dizer, “Estou tão feliz que você
esteja aqui, eu amo você.” Sinta os seus pés; seria bom se você, a mãe também
respirasse profundamente. Tome um tempo e olhe ao redor. Reconheça que você
também conseguiu e que você está a salvo!
O momento mais importante para falar com o bebê é enquanto as coisas
estão acontecendo e durante alguma complicação ou grande evento.
Pode ser uma boa ideia ter alguém acompanhando a jornada do bebê durante
e depois do nascimento. Considere ter uma “doula para bebê”uma pessoa que
seguiria a travessia do bebê, estando lá para ele. Ela explicaria ao bebê que o
está acompanhando nessa passagem/jornada pelo processo do nascimento. Assim
como a mãe tem pessoas que a ajudam durante o parto e/ou uma doula, o bebê
teria alguém para ele durante
todo o processo. O papel da “doula para bebê” seria ouvir o que o bebê
comunica e respaldá-lo no que for necessário para ele.
Sinta os seus pés, respire e desacelere. Olhe em volta. Isso realmente
ajuda a desacelerar a energia em você e também ajuda o seu bebê.
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Um forte abraço da mãe aqui,
Gabi!
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Um forte abraço da mãe aqui,
Gabi!



