quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O meu expulsivo




Toquei-me. Não sei por quê, quando vi já estava com o dedo dentro da vagina. Senti um ‘gordinho’ (na verdade era ‘fofinho’ mas ‘gordinho’ foi a palavra que veio na minha cabeça na hora que senti). Era a bossa do meu filho.

Bossa: aquela parte edemaciada que fica na cabeça dos bebês que estão passando pelo canal do parto. Sabe aquela parte em cima do ‘cucuruco’. Tem até bebês que nascem com ela e vai sumindo ao longo das horas.

Então, era a bossa! Apertei um pouco. Senti uma parte dura. Era a cabeça dele! Que misto de emoções. Na verdade, eu estava tão introspectiva, tão animalesca e instintiva que não me veio alegria nem ansiedade. Parecia que já tinha passado por aqui várias vezes. Foi estranho e bom!

Pedi para a parteira tocar para confirmar. Na verdade, pedi para ela tocar para sentir como tava e tal. Eu sabia que ele estava descendo. E sabia que estava com dilatação completa. Sou parteira. Já tinha tocado muitos bebês assim. Mas aquele era o meu. Meu parto. Meu momento. E, como desde o inicio da gestação, eu tinha decidido: me permitiria ser a gestante, a protagonista, a mulher, sem essa de misturar a parte “enfermeira” de mim.
E ela toca. Sente também. Mas pede para a outra parteira tocar. Para ter certeza. E a outra toca e olha para mim com um sorriso lindo (que está registrado na minha memória até hoje): “Estais completa Gabi”. Isso era umas 2hr depois do primeiro toque. Meio dia estava com 2-3cm e colo fiiiino feito papel.

Colo fino: o nosso colo uterino é semelhante a ponta do nariz. Para ele dilatar, tem que afinar feito os lábios da boca.

Pois bem. Estava completa. E agora? E agora nada.... continuei a viver meu momento de forma intensa e entregue. Não sentia vontade de empurrar. Claro, ainda não estava beeeem no expulsivo. Não tinha os puxos espontâneos.

Puxos espontâneos: aqueles que a mulher faz naturalmente. Ela sente essa vontade. É instinto. É a força do corpo agindo. Diferente daqueles que alguém manda ela fazer!

Eu sabia que meu filho era grande. Sabia que ele iria precisar de cada milímetro da abertura da minha pelve. E meu corpo pedia movimentos. Pedia posições de quatro apoios. Pedia cócoras. Pedia vocalização. E por fim, pediu uma ultima posição. Aquela que fiquei até ele nascer.

Mas, antes disso, passei pela fase da covardia. Passou rapidamente, entre uma contração e outra, pela minha cabeça: putz, quero um buscopan, vou para o hospital, chamar o médico fulano, e ficar lá. Não pera, não vou tomar buscopan, já vi casos que as contrações deram uma brochada com ele. Então vou fazer o que? Bom, cesárea? Claro que não. E agor...... veio outra contração e esse plano foi por água a baixo!

E de cócoras, segurando num rebozo, com as pernas encostando na borda da piscina, com meu marido me apoiando por trás, fiquei por algumas horas.... umas 2 mais ou menos. Entre uma contração e outra, levantava. Para rebolar, para aliviar a pressão no ânus, para não ficar dormente minhas pernas... mas, tudo fazia por instinto. Não pensava muito. Só vivia.

Toquei-me mais algumas vezes. Era incrível sentir que ele descia! Tentei tocar-me nas contrações para sentir ele empurrado, mas não consegui. Mostrei para meu marido, peguei a mão dele e empurrei o dedo pela vagina. Ele sentiu, ficou alguns longos segundos sentindo. E sorriu.

Teve uma vezinha só que eu toquei e tentei procurar a sutura para ver se ele tinha feito o giro e tal... coisas de parteira. Mas foi por uns segundos! Deletei aquela ideia da minha cabeça.... por que não estava conseguindo raciocinar qual sutura era, para que lado ele tava...

Sutura: aqueles vãos que tem na cabeça do bebê que passa pela “moleira”. Tem uma forma de sentir elas e identificar se está bem encaixado, se já fez o giro para nascer (olhando para trás da mãe).

E já estava sentindo algo se abrindo em mim. Sentia ele descendo pelo canal da vagina. Medo. Tive medo! Do que? Não sei! Mas verbalizei isso, e minha doula disse: “Gabi, vai com medo mesmo!”. Pronto.... já não tinha mais medo. Me deu coragem isso!

E foi descendo. E fui sentindo. Tentava ao máximo manter uma vocalização e não empurrar ‘com tudo’. Apesar da vontade. Mas sabia que ele precisava descer lentamente. E, assim foi... duas horas aproximadamente sentindo a cabeça dele descendo. Sentindo meu corpo se abrir. Minha alma se resgar!

Até que senti uma queimação no meio da contração. A cabeça dele já aparecia durante aos contração. Que ardência! Que medo. Empurro, ou não? Relaxo ou não? Aí, dói!!!! E foi vindo. Lentamente. Entre uns goles de água e outro. Entre uma abanada de leque e outra.
Até que numa contração eu senti que ‘agora ele vai sair’. E saiu. Mas a contração parou. E saiu a cabeça dele até o narizinho. Ok! Respira. Relaxa períneo. Espera próxima contração. Falo: “Aaarde muito ca#$$%@#” . Saiu um palavrão, sem querer!

Vocalizo. Abro garganta, libero períneo. E depois de uns 2min a próxima contração. A última! Sinto ele passando, ardendo, a sensação é de que está rasgando tudo! Mas é bom! É loucura! E ele sai!

Desliza pela água e o pai dele junto com a parteira retiram ele da água e colocam no meu colo. Não pensei em nada. Na verdade levei um susto! Tá nasceu? Meu deus! E agora? Que emoção. Como ele é lindo. Ai pera, nasceu? Ué, tá respirando? Calma, vai respirar. Confia!

E depois de longos segundos com ele ali, recosto e sento com meu marido atrás me apoiando. Ficamos ali por algum tempo. Nos conhecendo. Contando seus dedinhos e conferindo: é menino mesmo!

E acabou o expulsivo! Foi o momento mais incrível da minha vida! Sem dúvida! Todos os dias penso nas sensações que ele me trouxe e aprendo uma lição!

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Estou preparando um vídeo do meu parto. Quase 10 meses depois! Hehehe mas daqui a pouco sai!!!!!!

Com amor, Gabi.

Algumas fotos:














sábado, 20 de agosto de 2016

A amamentação é um ato natural?

Com 50 dias do filho fiz esta postagem no meu facebook, que graças a Deus eu tinha feito um print dela para encaminhar para um grupo no whatsapp e, portanto ela não se perdeu (quando minha conta foi excluída por conta de fotos do meu parto denunciadas por nudez).



A amamentação

A amamentação é algo natural? Sim! Mas precisa ser aprendida e treinada.
Os bebês nascem com uma habilidade natural de sugar e nós de produzirmos leite, mas precisamos conhecer e treinar como se faz isso. Meu filho decidiu mamar logo que saímos da piscina depois do parto. Mamou com uma sucção forte e linda por uns 30min direto.
Nos dois primeiros dias ele ainda era um pouco sonolento e meus peitos ainda não estavam cheios. Mas ele mamou aquela “aguinha”, o precioso colostro. Mamou no seu tempo. Seu estômago era muito pequeno por isso solicitava o mama de hora em hora e ficava ali sugando por uns 10min.

No terceiro dia, meu peito encheu! Acordei com eles vazando. Cheios de leite! Duros!!! Um pouco doloridos e empedrados. Sabia o que estava acontecendo. Era a apojadura. A descida do leite. Cuidei das mamas. A produção iria se regularizar. Mas ainda era muito para meu pequeno, que as vezes chegava até se afogar com o excesso de leite que sugava. Percebi, então, que eu precisava agir a favor da natureza.

Pela manhã eu tomava banho e massageava as mamas na água morna. Com delicadeza e cuidado. Mas com vigor. Depois ordenhava o leite até sentir que elas estavam mais macias e vazias. Após o banho fazia compressa gelada (com os absorventes que eu já deixava no congelador) por alguns minutinhos. Ordenhava com as pontas do dedo polegar e o indicador. Colocava um em cima e outro em baixo da aréola, empurrava o peito como se quisesse encostar nas costelas e, sem escorregar os dedos, pressionava o bico do seio várias vezes seguidas.

No começo saia de gotinha. No final já saia em cheringos. No começo um leite mais transparente. Aquele que mata a sede e proporciona a imunidade ao meu filho. No fim, um leite mais grosso. Aquele que sustenta a fome e transfere nutrientes.

Antes das mamadas, se o peito estava muito cheio, retirava um pouquinho. Só até a aréola fica molinha para facilitar a pega. Deixava ele mamar em uma mama de cada vez, até esvaziar bem. Se eu via que ele não esvaziava muito, na próxima colocava ele novamente na mesma, porém ordenhava a outra para não ficar muito cheia. Mas na maioria das vezes em cada mamada eu oferecia intercalando as mamas e dava certo!


Foram passando os dias. Fomos aprendendo um com o outro. Hoje a produção já normalizou. Ele solicita o mama quando quer e geralmente não passa de 4hr de noite e 3hr de dia. Mama por uns 15-30min. Nos períodos de pico de crescimento e salto de desenvolvimento solicita mais. Já conseguimos mamar em várias posições. E a última nova foi essa da foto, na rede.

E estamos há 50 dias assim. O filho já aumentou quase 1700gr e cresceu quase 20cm. Esta super esperto e alerta!

Viva a amamentação! Viva a natureza sábia! Viva a persistência!

Obs.: assim está sendo a nossa história. Pode ser que de certo para você também o que eu estou fazendo e pode ser que não. Pode ser que você tenha mais facilidade ou dificuldade. Encontre o caminho de vocês, seu e do seu bebê. E leia muito! A informação foi crucial para superar os desafios do início!!!


#50ºdiadofilho

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E hoje, estamos com 9 meses de amamentação. 6 meses exclusiva e hoje continuamos ainda! Pretendo amamentá-lo até ele e eu quisermos. É nosso momento. 

Procure ajuda, converse com outras mães, tenha uma rede de apoio confiável! 

Com amor,
Gabi.

domingo, 7 de agosto de 2016

A Bíblia e as parteiras

Os mais antigos registros mostram mulheres que 'trabalhavam' ajudando outras mulheres a darem a luz. Há uns 10 anos atrás, quando me peguei pensando em minha missão aqui na terra, ou seja, aquilo que Deus escolheu para fazer, surgiu algumas curiosidades. 

E uma delas foi essa: O que a bíblia fala sobre parteiras?


Depois de conversar com o Espírito Santo, aquele que me guia e ensina, estudei sobre mulheres, nascimento, parto e parteiras que foram registrados na Bíblia.Quero compartilhar um pouco do que encontrei:


"E o rei do Egito falou às parteiras das hebréias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o da outra Puá),
E disse: Quando ajudardes a dar à luz às hebréias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva.As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida.
Então o rei do Egito chamou as parteiras e disse-lhes: Por que fizestes isto, deixando os meninos com vida?
E as parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebréias não são como as egípcias; porque são vivas, e já têm dado à luz antes que a parteira venha a elas.
Portanto Deus foi bondoso às parteiras. E o povo se aumentou, e se fortaleceu muito.
E aconteceu que, como as parteiras temeram a Deus, ele estabeleceu-lhes casas." Êxodo 1:15-21


                 


E sobre doulas, seria, porventura, Maria a primeira doula com seus feitos registrados?


Maria soube que sua prima Isabel estava grávida e foi visitá-la. Ficou junto dela três meses. Fazendo o que? Provavelmente apoiando, ajudando, dando conforto e cuidando de Isabel. Isso é doula.

A palavra "doula" vem do grego "mulher que serve". 


"Também Isabel, sua parenta, terá um filho na velhice; aquela que diziam ser estéril já está em seu sexto mês de gestação. Pois nada é impossível para Deus". Respondeu Maria: "Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra". Então o anjo a deixou. Naqueles dias, Maria preparou-se e foi depressa para a uma cidade da região montanhosa da Judéia, onde entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê agitou-se em seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Em alta voz exclamou: "Bendita é você entre as mulheres, e bendito é o filho que você dará à luz! Mas por que sou tão agraciada, a ponto de me visitar a mãe do meu Senhor? Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, o bebê que está em meu ventre agitou-se de alegria." Lucas 1:36-44


"Maria ficou com Isabel cerca de três meses e depois voltou para casa. Ao se completar o tempo de Isabel dar à luz, ela teve um filho." Lucas 1:56,57

Agradeço a Deus e ao Espírito Santo por essa dádiva e dom! <3

Com amor,
Gabi.